sábado, 24 de outubro de 2009

Trilha com lama ou Lama com trilha? :)

Para encerrar o período de férias, resolvi pedalar num trecho de uma trilha conhecida como "Caminho do Rei", a qual já tinha trilhado uma vez, a cerca de 3 anos atrás. Trilha pequena (cerca de uns 40 min), quase toda pedalável e com paisagens bonitas: ideal para fechar com 'chave de ouro' meus pedais de férias, eu pensei. Infelizmente, tirando as paisagens bonitas, no resto eu estava errado... :(

O sábado amanheceu nublado e com vento moderado: boas condições para encarar o desafio. Montei na bike e pedalei até o início da trilha, que começava próxima ao Mirante do bairro Cachoeira do Bom Jesus chegando por volta de 8:15. Pretendia chegar até as 9 hrs na Praia Brava, onde a trilha terminava.

Inicialmente estava sozinho. Motivo para tomar muito cuidado. Levava o celular, mas não sabia se, no meio da trilha, teria rede disponível para fazer ligação em caso de emergência. Logo de cara, passei por uma poça de lama que onde mais de 1/4 da roda ficou atolada e saiu toda enlameada. Resolvi parar para tirar um pouco da lama do aro da roda, para que eu conseguisse freiar. Nesse momento um grupo se juntou a mim, passando a me acompanhar pela trilha. Tinha muitos componentes neste grupo, mas eu detestei a presença deles: era um bando de pernilongos, que ficou me atazanando por todo o caminho :(. Afinal de contas, há muito não deviam ver um tolo passando por lá, ainda mais de bicicleta e sem repelente! :)

Este trecho inicial era bem pedalável, mas o mato estava muito alto, não permitindo ver as belas paisagens. Depois de uns 15 min, cheguei a um lugar bem lindo, um mirante usado para descanso e que permitia vislumbrar lindas paisagens de várias praias do Norte da Ilha: Ingleses (inclusive as dunas e o apartamento onde moro), Cachoeira do Bom Jesus e Canasvieiras. Neste momento, escutei uma vozinha vindo de dentro da minha cabeça: volta pelo caminho que você veio, se continuar, as chances de se arrepender são grandes. Mas é claro que não segui o conselho dela. Já que estava alí, iria até o fim. Pois é, a voz estava certa, para meu desespero :)

Após o mirante, a parte pedalável foi diminuindo rapidamente. Muita lama aparecendo, árvores caídas na trilha, raízes cortando o caminho, mato alto e pernilongo, muito pernilongo. Comecei a ter que empurrar a bike durante longos trechos e raramento conseguia pedalar. Ao empurrar, ficava mais lento do que uma pessoa que estivesse somente caminhando. Aí as feras voadoras aproveitavam!

Por volta das 9hrs, liguei para avisar minha esposa que estava num ponto da trilha e que não tinha idéia se estava longe ou perto de terminá-la e que, por isso, não teria como saber que horas chegaria em casa. Certamente não chegaria às 9:30, meu horário inicial. Isto dito da forma mais rápida possível, mexendo os braços e as pernas, tentando afastar as pragas zumbidoras :)

Após a ligação, a situação piorou. Teve algumas bifurcações que não me lembrava. Em uma delas, a segunda, optei por um caminho que andei uns 3min e resolvi voltar, indo pelo outro caminho. Várias situações que tinha que olhar qual o local menos pior que eu passaria, pois era lama ou lama as minhas opções. Por um breve instante o sol apareceu, mas as árvores e o fato do sol estar iluminando o lado contrário do morro, não me permitiram mais vê-lo.

A trilha ficou tão ruim que imaginava estar no leito de uma cachoeira temporária, que aparece somente em épocas de chuvas. Era difícil para caminhar. E mais ainda para empurrar, segurar, carregar uma bike. Comecei a imaginar se, através da operadora do celular, os bombeiros conseguiriam me achar no meio daquela mata. Não sei se seguia uma trilha e muito menos onde ela chegaria. Tive vontade de sentar e chorar. Também pensei em deixar a bike e procurar o caminho de saída para, depois, voltar e buscá-la. Mas aí teria o risco de encontrá-la mais...

Continuei a descer, agora escutando um barulho que não sabia dizer se era o vento batendo nas árvores e mato ou do mar. Mais uns 10 min de caminha e um milagre aconteceu: cheguei, sã e salvo, extenuado, cheio de picadas de pernilongo, lama e com a bike detonada, na Praia Brava. E com um sol que deixava a praia mais maravilhosa ainda! Quase valeu todo o sofrimento! :)

Já passava das 10 hrs. Liguei para minha esposa e disse que chegaria em meia hora. Ela até ofereceu para me buscar, mas eu e minha magrela estávamos em estado deplorável. Comecei a pedalar forte, mas uma pastilha de freio da roda traseira estava encostada no aro da bike, tornando difícil a pedalada. Tive que parar e usar o kit de ferramentas para, praticamente, tirar o freio traseiro. O freio da frente também tinha ficado desregulado. Ou seja: estava praticamente sem freios. A volta para casa foi até tranquila, apesar de ter que encarar dois morros pesadíssimos e ter que descer um muito forte, que terminava na estrada SC-403, tendo somente uns 30% da capacidade de frenagem.

Graças a Deus tudo ocorreu bem e consegui chegar em casa. Agora, só volto nesta trilha à pé e com muito repelente!

O link com as fotos desta pedalada está em Férias 9

Pedalei!

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