terça-feira, 11 de março de 2014

Desafio Serra do Rio do Rastro - Um Relato

Biker Regis à esquerda
Se perguntarmos para cada um dos 720 participantes do 4° Desafio serra do Rio do Rastro, “como foi a prova?” Provavelmente teríamos o mesmo número de relatos singulares. Acredito que por mais ou menos treinado que um atleta/participante deste evento esteja ele nunca será igual ou terá sentido as mesmas sensações que o outro. 

Os números e resultados da linha de chegada são iguais muitas vezes, mas o grau de fadiga física e mental muda de ciclista pra ciclista. Distante de querer buscar explicações científicas sobre a performance dos demais neste evento, minha intensão com este relato é passar um pouco das minhas observações para que sirva talvez de incentivo para futuros atletas, sejam eles amadores (meu caso) ou profissionais. 

Alinhados na largada
O ciclismo amador têm mudado minha vida de maneira significativa: participo de provas amadoras de MTB Marathon há menos de 1 ano e esta foi minha 6° participação. O grau de nervosismo e ansiedade diminuiu a cada prova que fiz, é como se você fosse se acostumando com aquela multidão na largada, muitos  extremamente bem equipados com equipes e equipamentos de ponta e outros que estão sempre estreando seu desafio pessoal. 

Assim que eu e o Germano Ferrari, amigo e companheiro de pedal, chegamos em Lauro Muller vimos que não teríamos tempo suficiente de deixar o carro no alto da serra para nos locomovermos de volta até a cidade, alí percebemos que a volta poderia ser ruim, e foi. Mas vamos falar da prova inicialmente. O evento foi no geral, organizado mas com algumas falhas. 

Começando pelas camisetas de ciclismo prometidas e não entregues a tempo aos inscritos, a estrutura no momento da chegada se comparada aos outros eventos locais poderia ser melhor, sugestão para o próximo anos. Não vi nenhum tipo de incidente que comprometesse a segurança das pessoas envolvidas. Parabéns pra organização da prova por deixar o trânsito praticamente restrito aos ciclistas, muitos turistas que passavam pela serra talvez possam ter se incomodado de esperar, mas é para o bem do esporte e consequentemente um incentivo à saúde da população na minha opinião. Se bem que no dia da prova poucos poderiam desfrutar das belas imagens da serra, pois em Lauro Muller a chuva com trovoadas e neblina na altitude iniciou próximo das 14hrs e só deu uma trégua no momento da largada (feminino 15:30, MTB 5min após e speed após 15min). 

Início da Prova
Minutos antes da largada um estouro do pneu da bike de algum incauto chamou a atenção. Estava me sentindo tranquilo, conversando com o colega que estava junto na futura empreitada de subir até os 1400m de altitude dentro de 24 km de distância. A grande maioria das bikes, mesmo na categoria MTB estavam com pneus slick (liso) e isso deve fazer uma diferença grande, não posso falar pois estávamos despreparados nesse quesito para o evento pois tanto a minha bike como a do amigo Germano possuía pneu normal pra MTB. 

Não sabíamos o que iríamos encontrar na prática, apenas na teoria, pois li um relato do amigo ciclista e blogger Audálio, que me preveniu sobre o frio e os últimos 4km da prova que segundo o próprio, “cada km equivale a 4km”.  Assim que largamos nos deparamos com subidas leves, pequenas descidas e novamente subidas longas e não muito íngremes. Detalhe para a comunidade local participando, fotografando e incentivando quem passava por ali. 

Subindo a Serra
Fui pedalando em um ritmo confortável sem querer acompanhar pelotão ou disparar na frente de alguém, a verdade e que acompanhei meu amigo até a metade da prova com uma média de 19km/h e sem muito desgaste, pois meu receio era de faltar energia pro final. Quando as curvas começaram a ganhar inclinação (km 16) e após a passagem do pessoal das “speed” por mim é que a prova realmente começou. Todos em volta pedalando forte, a chuva retornou com força, atletas ofegantes, outros parando, pneu furado e apesar da chuva e frio que fazia, o clima da competição era quente. 

Competidores de Bike Tandem - Piloto e Deficiente Visual
Dois momentos que me marcaram emocionalmente na prova foi quando um ciclista portador de necessidades especiais da categoria tandem (acredito que deficiente visual e que pedalava em dupla), percebendo minha respiração ofegante largou palavras de apoio como “não para, não para”. Outro momento foi quando no auge do meu desgaste físico o tempo deu uma abertura expondo parcialmente a serra, o cânion e o paredão que estava pela frente. Me senti pequeno diante daquele cenário mas ao mesmo tempo aquilo tudo me deu uma energia que foi convertida em pedaladas no mesmo momento. 


Paredão à frente
Dificilmente o tempo irá apagar esse fato, realmente compreendi porque estava “sofrendo” numa uma prova tão dura como essa. Depois dessa abertura breve, voltou a chover forte, água escorrendo pelo asfalto o que não atrapalhava muito nem se tornara demasiado frio. 

O último km da prova é quase horizontal comparado com o restante e senti um grande alívio quando ouvi o locutor de prova falando no microfone, a sensação de prazer na chegada é única (demorei 1h e 53min para concluir). Recebi medalha de participação, tentei encontrar alguém conhecido em meio a neblina e frio e sorte que eu havia carregado um agasalho que amarrei na cintura até lá. Todo ensopado mas feliz, encontrei meus amigos e ali começou outro sofrimento, este desnecessário. 

Fim de prova!
O frio continuou e nosso carro estava lá em baixo. Um amigo de meus amigos que conheci no dia da prova retornou de carona até Lauro Muller e nos resgatou após uma duas hrs no transito reprimido pela prova gerando uma lentidão para descer. Conseguimos esperar tomando uma cafezinho após os estabelecimentos esvaziarem e com pouco menos frio aguardamos nossa carona. 

Próximo das 21hrs estávamos em Lauro Muller, todos satisfeitos pela proeza. Espero repetir a dose ano que vem só que sem chuva e frio, recomendo à todos a experiência, pois na minha opinião “sofrer em grupo é até divertido”. 

Abraço!! 

Régis Luciano Rocha Santos

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